segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Eu sou notável...

Esse ano, nas manchetes sobre cultura e essas coisas, todos os focos são: Bienal do Livro.
A Bienal é um evento extremamente edificante. Milhões e milhões de livros. Zilhões de histórias prontas para serem devoradas por mentes sedentas. Pensamentos e raciocínios que se opõem, que formam teses concretas, que criam conspirações, que alimentam o intelecto do ser. Até mesmo as literaturas infantis estão recheadas de filosofias e moral social. Um mar infindavel de cultura e conhecimentos gerais. E claro, como de costume, algum autor famoso está presente no Anhembi-Morumbi, para dar palestras e autografar, responder perguntas dos seus leitores e receber elogios (ou críticas). Esse ano, o autor que está privilegiando nossa bienal é o norueguês, filósofo e escritor brilhante Jostein Gaarder, autor do "Mundo de Sofia" e o mais recente "O Castelo nos Pirineus". Gostaria muito de ter participado de suas palestras, mas não pude, pois sou peão e trabalho das 8 às 8, com 20 minutos de almoço (mentira).
Enfim, Bienal é muito bom, mas não tenho uma boa lembrança. 2006. Oitava série. Me lembro que estava ansioso (como todos os outros moleques da sala) pois, a autora consagrada do dia era Bruna Surfistinha (não precisa comentar, sim: eu estava pensando com a cabeça de baixo). Enfim, fomos para a Bienal. Como tradição de todas as excurções, zuamos muitos no onibus cantando "Quem roubou o pão da casa do joão" e "Pai Abraão tem muitos filhos", todos muito alucinados com Coca-Cola e Trakinas (eu comia Pringles).
Chegamos na Bienal, eu comprei livros por R$1,99 e outras coisas menos úteis por muito menos. Não vimos a Bruna Surfistinha, por que o dia da coletiva foi o dia anterior. Imitamos o Jackass, correndo de carrinho de compras, tentando beber milk-shake pelo nariz e abaixando as calças dos outros e correndo. Enfim. Foi um dia muito proveitoso, exceto quando deu a hora de irmos embora e continuamos jogando RPG. Passado meia hora do horario combinado, o onibus ainda não tinha saído e estavamos esperando para ir embora. Então, eu e minha mente brilhante decidimos: Vamos jogar mais um pouco. Fomos então eu e mais tres (o Brunno, a Giu e a Mariana) jogar RPG. Dois minutos depois, a Giu vem correndo e fala: O ONIBUS FOI EMBORA. Silencio por alguns segundos. Fomos então, descrentes da notícia, até o local combinado. Ninguem. Absolutamente vazio. O desespero tomou conta da situação. Corremos. Corremos por todos, TODOS os portões do local. Todos, absolutamente todos. Eu como sempre, usando de sarcasmo para a situação e fazendo a menina (Mariana) chorar. Ela fala que não chorou, mas chorou. Eu vi ela secando os olhos. Ela fala: "Quando é que eles vão vir buscar a gente?" e eu, muito simpatico: "Se tudo correr bem, amanha de tarde talvez... aí a gente dorme na frente da Casa do Pão de Queijo, por que quando acorda, ja vai te cafe" e os olhos dela cintilavam de lagrimas, incapacitada de dizer mais nada.
Desistimos da busca, sentamos e aguardamos. Um bom tempo se passou, quando a diretora da escola apareceu. Voltamos pra casa. Depois eu descobri que só notaram a nossa falta, ja na saída de São Paulo, na entrada da Bandeirantes. Lindo. Responsabilidade 10. Joinha pra voces. Para voces verem que sou uma pessoa importante. Não só eu. Eu e meus amigos, somos todos pessoas de notável valor.



PS: MIL LEITURAS. BLOG ABERTO POR RIDICULOS E DESOCUPADOS MIL VEZES. Cada dia mais, reconheço que coisas inúteis têm mais valor na nossa sociedade.

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