quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Fui amanhã

Entra pra ver como você deixou o lugar, e o tempo que levou pra arrumar aquela gaveta.
Entra pra ver, mas tire o sapato para entrar. Cuidado que eu mudei de lugar algumas certezas.
Entra pra ver, e não se assuste com meus instintos sacanas, que foram acionados, e com a falta de vergonha na cara.
Pois tentei roubar um pouco de paz, e acabei declarando guerra.
Hoje eu falei pra mim, jurei até, que esse não seria pra você, e agora é

Açúcar com adoçante - Cícero
Monomania - Clarice Falcão
Me

Postado por Thami

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Talvez

O céu está nublado, mas eu o vejo azul. Se estiver chovendo, então eu corro na chuva.
Observo o por do sol, os tons de laranja irradia meus olhos, até fazê-los arder.
Se acabar a energia, acendo velas e faço borboletas nas sombras da parede.
Se me atrasar pra aula, só vou ter perdido alguns minutos de chatice.
Filas grandes são boas para observar o comportamento humano.
Se o chuveiro queimar vou sentir minha pele arrepiar, e assim, sentir-me viva.
Se o amor acabar, ou der por acabado, procurarei outro, talvez ache, talvez não.
Afinal, o importante nem sempre importa.


Postado por Thami

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Acho...

Bateu a porta do carro, e apertou os passos até me alcançar:

- Você é muito abusada, sabia?
- Acho que sim
- Você não tem medo não, é?
- Acho que não
- Você é apenas uma menina, já pensou no que eu poderia fazer com você?
- Hm... acho que não
- Você só sabe falar isso? Acho que sim, acho que não
- Acho que sim
- Você está me tirando do sério
- Que pena
-  Olha só, conseguiu falar outra frase sem dizer ''acho''. Onde você aprendeu ser tão irônica?
- Acho que na escola
- (risos)
- Qual seu nome?
- Não digo meu nome para quem ''pode fazer algo comigo'', além de ser apenas uma menina
- Desculpa se te assustei, mesmo que você não pareça nem um pouco assustada, mas olha o que você fez. Primeiro eu dei luz alta para você ir para a faixa da direita e você simplesmente ignorou, e quando chegou aqui você simplesmente pegou minha vaga no estacionamento, eu só quis dizer que você é abusada e que se eu fosse alguém de mau caráter, poderia me vingar de você, por você ser novinha. É perigoso fazer o que você fez, foi isso que eu quis dizer
- Ok, aceito sua desculpa, e sim, você realmente não me assustou, e não foi pela sua beleza, e outra, eu estava em uma velocidade acima do que a via permitia, e se você não viu, do lado direito tinha carretas e caminhões, não dava pra eu mudar de faixa, tando que se desse, você mesmo iria por lá, segundo, não estava escrito seu nome na vaga e também não tinha nada dizendo que era vaga preferencial para louco ou para idoso.
- Ah não, você está me chamando de louco e velho? Eu não tenho nem 30 anos, e louca é você. Se você não sabe a via da esquerda é para quem quer ir rápido. Dane-se se na direita tem caminhão, carreta, bicicleta, patinete, eu queria ultrapassar e você deveria deixar.
- Acho que não deveria
- Você não tem limite
- Thanks, mas agora tenho que entrar pra aula
- Espera!!! Qual seu nome?
- Não digo meu nome para quem ''pode fazer algo comigo''
- Meu nome é Carlos
- Tchau Carlos, tenho que entrar pra aula
- Gostei de você
- Eu sei
- rs, desisto
- Você faz bem
- Qual seu problema? Já me desculpei
- Meu problema? rs. Está desculpado
- Louca

Postado por Thami

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Que Seja Como o Primeiro.



Quando não se entende não se espera. Não se olha. Não se quer. Simplesmente acontece. Inicia-se, e é de repente. Evitar o inevitável só prolonga o anseio da alma e a vontade do espírito. Esperar o que se vai depressa é aprisionar o tempo. É desejar o controle daquilo que se sente. Simplesmente impossível. Diferentemente do que se pensa se faz, pois o que se pensa difícil é de obter, quanto àquilo que se faz nada demais há além daquilo que é natural, como se já soubesse o que deve ser feito.
Pensar é ilusão. É medir as possibilidades. É prever os imprevistos. Pensar requer provas. Requer tempo e plenitude. Pensar exige da mente coisas que estão além do alcance do conhecimento. Exige ideias, criatividade, perfeição. E perfeição é utopia.
Fazer está além do pensar, porém mais acessível. Fazer é descobrir o que já se sabe. Viver o que se sonha. Valorizar as pequenas coisas. Buscar a cada dia um novo motivo. Sorrir dos imprevistos, dos desencontros, das impossibilidades. É frustrar-se com os planos que não se cumprem. É insistir nos planos que se frustram. Insistir naquilo que se quer. Insistir nas diferenças até que sejam igualadas às vontades dos corpos. Enfrentar os medos e entregar-se às possibilidades. Fazer é uma palavra no meio da madrugada. É abstrair-se do tempo. É abraçar. Fazer é desejar conhecendo a imperfeição. Não exige nada daquilo que não temos. Temos tudo o que precisamos ao nosso alcance: saudades, rosas, encontros. Encontros não planejados, surpreendentes de ambos os lados. Fazer é tornar real aquilo que o coração sente. É conquistar a plenitude. Viver e ser feliz.
Do jeito que está hoje, peço que permaneça: ensinando-me a viver. Fazendo-me feliz todos os dias. Nenhuma palavra, nenhuma expressão, nada que se diga ou faça será capaz de demonstrar minha gratidão. Sua companhia, sua amizade, suas palavras, seu abraço, seu amor têm me sustentado até aqui, e, com a graça de Deus, será assim até o fim dos meus dias.
Que nossos corações continuem nos dizendo todas as manhãs uma nova razão para permanecer vivendo. Que nossas mentes pensem menos. Que nossos corpos façam mais. Que nossos espíritos nos ajudem a permanecermos completos, plenos um com o outro todos os dias. Que nossas mentes se encontrem a cada dia, como no primeiro, há quatro anos.
Te amo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

The child is grown


Meu alto nível de procrastinação me fez meditar sobre algo que me encanou.

Meus pensamentos atuais estão totalmente desalinhados com os passados.

Na infância, não me lembro ao bem o que eu pensava exatamente, mas os adultos que eu achava mais incríveis eram aqueles legais que me faziam rir, me entendiam, ou então fingiam que me entendiam, davam atenção ao que eu falava e não me tratavam como criança. Uma dessas pessoas era minha mãe. Minha mãe nunca ignorou algo que eu disse, que eu me lembre. Nunca disse ‘’isso é coisa de criança’’, para mim. Meus irmãos às vezes não davam muita importância para o que eu falava, mas muitas vezes eu nem percebia isso. Alguns tios me faziam rir, brincavam comigo, e me fazia sentir-me amada. Assim como os outros membros da família. Os pais dos amiguinhos também.

Quando ouvia conversas adultas, sempre gostava de participar e opinar. Era observadora, e sempre dizia para mim mesmo com quem eu concordava e com quem eu discordava.

Quando entrei na adolescência, comecei a mudar meu modo de pensar, o natural a acontecer.
Já na fase adulta, mudei ainda mais meu modo de pensar e ainda mais minhas atitudes. Em relação a tudo: estudos, futuro, dinheiro, relacionamento, amor, família, amigos, bebidas, entorpecentes.

A única coisa que continuou intacta foi meu gosto musical, e disso eu tenho orgulho. Mesmo ouvindo Xuxa durante a infância, eu também gostava de Beatles, quando minha mãe coloca para tocar, e sempre me repugnou os pagodes que minha irmã ouvia.

Atualmente, vejo que meus pensamentos e conceitos dos atos adultos vistos de quando eu era criança e adolescente, são bem mais certos do que eu tenho praticado.
Talvez pela pureza, pela inocência e pela falta de pratica da vida.

Imagino-me com uns 12 anos, vendo eu, agora, já na fase adulta, fazendo o que tenho feito, pensando o que tenho pensado, o que eu acharia de mim?

Acho que aos meus olhos de criança, me acharia um pouco chata, mas não tanto. Aos meus olhos de adolescente, por volta dos 12 anos, me acharia completamente burra. Sim, burra seria a palavra que me definiria. Burra em relação ao futuro, dinheiro, relacionamento, amor, família, amigos, bebidas e entorpecentes. Por outro lado admiraria meu lado acadêmico, por estar pelo menos tentando alguma porra.

Eu atual, visto como eu era como criança, orgulho-me e admiro-me. Visto como eu era quando adolescente, sinto um pouco de vergonha, pelas idiotices típicas desta fase, e ao mesmo tempo também sinto orgulho.
Mudei como todos mudam. Evoluí, eu acho, se para melhor, depende muito do ponto de vista.

Postado por Thami

domingo, 9 de setembro de 2012

Eu ri, de doer o abdômen

Peguei o carro, passei na casa da Iza pega-la. Entrei, conversamos um pouco de besteira e rimos. De lá fomos buscar o namorado dela, e depois fomos pra casa de um casal de amigos dela. Ia rolar uma maratona de jogos de kinect. Eu não joguei, não me senti a vontade, afinal, não conhecia ninguém, além da Iza e do namorado dela. Eram 3 casais, mais 4 meninas, contando comigo, e um amigo de alguém. Fizemos vaquinha para comprar uma daquelas pizzas gigantes, mas o delivery não entregava lá, então me ofereci para buscar a pizza, para ser simpática e fazer alguma coisa além de ver as pessoas dançando que nem idiotas na frente da TV.
A Iza e o namorado foram comigo, e mais um casal, para irem me guiando e não nos perdermos.
Além das viradas bruscas, por consequência dos guias que avisavam em cima da hora o momento de virar, estacionei em uma rua para pegarmos as pizzas, daquelas ruas que parecem que são em péé, e faz um angulo de 90°. Mesmo com o freio de mão puxado, o carro começava a descer, então engatei primeira e o bendito ficou ali, paradinho.Mas enquanto isso o coração da galera foi a mil. Descemos para pegar as pizzas, duas caixas GIGANTESCAS, que não cabia com o pessoal atrás, então foi na frente com a Iza, tampando metade do painel do carro. Era hora de sair, de subir aquela rua em pé, ou melhor, de escalar aquela rua com um carro com 5 pessoas dentro. Liguei o carro, fui soltando a embreagem e acelerando, e o carro ia descendo, e a galera atrás gritando, parecia que todos estavam em uma montanha russa, sem equipamentos de segurança. Então uma das meninas deu a ideia de ir soltando o freio de mão enquanto eu acelerava. Se o carro descesse mais meio centímetros iriamos bater na moto que estava atrás. Após conseguir sair de lá, começamos todos a rir. Eu ri, eu também ri.
Chegamos, comemos a pizza, algumas pessoas jogaram mais um pouco de kinect e fomos embora. Ainda bem, não aguentava mais ficar lá.

Sábado fomos comemorar o aniversário da Aline. Peguei o carro, passei na casa da Iza, depois passamos pegar a Aline e a Tami. A casa da Tami fica em uma rua tipo a que fica a pizzaria. Que faz um angulo de 90°. Dessa vez tinha os pais da Tami na sacada pra poder assistir o carro descendo enquanto eu acelerava pra ir pra frente, mas fizemos o esquema do freio de mão e funcionou, não passei tanta vergonha.
Curtimos o aniversário e chegou a hora de ir embora. Eu estava com vontade de fazer xixi, mas dava pra chegar em casa. Quer dizer, eu achei que dava.
Entramos no carro, deixei a Aline e a Tami, e depois fomos rumo a casa da Iza. Estacionei e a Iza descendo do carro fez algum comentário, que não me recordo no momento, mas começamos a rir muito, e a Iza, já fora do carro, sentou na calçada morrendo de rir e começou a fazer xixi, enquanto eu tirava o cinto pra também descer do carro, não conseguia segurar, a cada riso saía um pouquinho de urina. Quando finalmente consegui tirar o sinto e sair do carro, já não tinha mais quase nenhum liquido na bexiga.
Sentamos na calçada, as 5h da manhã e riamos, riamos muito daquela cena. Não conseguíamos pronunciar se quer uma palavra.
Fico imaginando alguém passando e vendo aquela cena. Duas mulheres sentadas na calçada, de vestido, rindo loucamente, com a porta do carro aberta, por terem feito xixi.
Sim, estávamos bêbadas. Era o efeito da cerveja misturado com tequila. Entrei no carro, com o banco todo molhado e fui pra casa, rindo, rindo muito, e pensando o que eu diria pro meu pai.
Eu ri o caminho todo, quando cheguei em casa, não aguentava de dor no abdome, de tanto rir.
Entrei em casa, peguei alcool e joguei no banco. O sol já estava nascendo, e eu lá, limpando o banco feito xixi, por mim mesmo.
Deixei o vidro do carro um pouco aberto, e fui dormir.
Quando acordei meu pai comentou que o banco do carro estava meio molhado, e perguntou o que aconteceu. Eu disse que tinha derrubado um pouco de cerveja, mas que tinha limpado com álcool. E realmente, a unica coisa que tinha naquela banco era cerveja misturado com aguá e o álcool de cozinha.
Não ficou cheiro algum no carro. Acho que era aquela urina limpinha de quando se toma bastante cerveja.
O banco já secou, e não há vestígios nenhum de xixi, tipo cheiro ou algo do gênero. Nem meu vestido ficou com cheiro ruim. Menos mal...


Postado, vergonhosamente, por Thami

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Guns


Sempre achei ridículo pessoas que só pensam em dinheiro, e fazem um curso e trabalham com o que não gostam só por causa do maldito dinheiro. Mas ultimamente tenho me visto querendo fazer o mesmo. Entrar de cara em algo que não gosto, mas que pelo menos me de um futuro financeiro garantido. Mas ai penso se isso realmente vale a pena, se é isso que quero para mim, e sinceramente, esta é uma questão que não sei responder. Não sei se prefiro trabalhar com algo intermediário, que eu nem ame e nem odeie, mas que me satisfaça um pouco, e ganhar o suficiente para viver, ou fazer algo que inicialmente eu não goste, mas que futuramente possa gostar, ou não, e ter um pouco mais de grana. Não sei a resposta, mas terei que decidir, logo. Mas confesso que isso não tem me preocupado tanto, mas sim me deixado um pouco confusa.
Queria ser mais egoísta, mais fria, mais egocêntrica. Queria ser menos emoção, e mais paciente, queria ser menos eu atualmente, e ser um pouco do eu passado.
Finalmente consegui tirar habilitação. Depois de vários meses de estresse e ansiedade, mas ontem quando fui busca-la, não senti aquela sensação de liberdade que eu achei que iria sentir.
Perdi meu cartão do banco, de débito, e não está sendo fácil resolver este problema, pois exige tempo e paciência que eu não tenho (tempo até que tenho), agora não consigo fazer mais nada na minha conta. Não consigo sacar o pouco de dinheiro que tenho, e só daqui a 15 dias que posso buscar meu novo cartão.
Às vezes ter muita liberdade de escolha não é legal. Às vezes queria alguém que colocasse limites e me impedisse de fazer algumas coisas, alguém que opinassem nas escolhas que eu deveria fazer, para não ficar com toda responsabilidade para mim, nem que eu fizesse tudo ao contrario.
Também queria ser menos apegada as coisas e as pessoas, assim seria possível conhecer novas pessoas e não ficar a espera daquelas que já fazem parte do meu ciclo, pois essas pessoas, ao contrario de mim, tem outros ciclos de amizades.
Tenho preguiça de conhecer gente nova, por mais interessantes que pareçam. Talvez por não serem tão interessantes assim, ou eu.
Tem dias que acordo sem sono as 5:30 da manhã, mas falto na primeira aula por pura preguiça de levantar da cama, e fico lá, convencendo a mim mesmo que ainda estou cansada e com sono, e por isso não devo ir para primeira aula. Às vezes o dia parece uma rosa: de manhã está linda e formosa, mas à tarde já está murcha. Ou de manhã está murcha e durante o dia vai se aflorando. Mas tem dias que são como flores de plástico, e permanece bela durante todas às 24h. Preciso de mais dias como flores de plástico.
Estou enrolando a mais de 6 meses para resolver o problema do meu maxilar e dos meus dentes, e mais de 10 para arrumar meu óculos que está torto, e agora sem uns parafusinhos. Acho que é pelo fato de eu não querer usar aparelho e não gostar de usar óculos. Mas tem coisas que eu resolvo tão rápido, tão instantâneo. Mas são poucas.
Tem um estoque de salgadinho e bolacha no meu guarda roupa, mas eu não sinto vontade de comer. Mas se não tiver, da vontade de comer até porta do guarda-roupa.
Por falar em guarda-roupa, não aguento mais minhas roupas. O guarda-roupa está lotado, as gavetas mal fecham e não tenho mais cabide sobrando, mas eu uso apenas 30% do que está dentro dele. Umas eu já usei tanto que já enjoei, outras eu nunca gostei muito, outras já estão velhas e fora de moda, e os outros 30% sãos as que eu uso repetidamente.
Perdi uma caneta bic azul de novo. Não sei o que acontece com minhas canetas azuis. As outras cores até que duram por mais tempo. 
Ultimamente a maioria das pessoas a minha volta tem sido como canetas bic azul. Perco-as, me fazem falta logo de instante, mas depois já se tem outra, o problema é sentir que está se perdendo uma caneta de ''tic-tac'' daquela que você tem desde o fundamental, ou aquela que ganhou de alguém especial, que você sempre vai lembrar. O bom é que ninguém morre por causa de uma caneta.
Tenho comido bastante. Como até sentir-me cheia. E depois fico sentindo aquela sensação ruim. E sempre faço isso, sempre. 


Thami

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Nascem os Poetas.


Tenho me cansado ultimamente do fardo de estar incluído na sociedade. Tenho me cansado de estar rodeado de pessoas tão comuns quanto seus assuntos. Estou cansado de permitir que a futilidade permeie meus ouvidos e meus olhos. Os seres humanos continuam sendo (por mais que os tenha ignorado por estes dias, por mais que eu tenha me apaixonado e focado meu corpo e minha alma nesta paixão) os mesmos animais mesquinhos, egoístas e hipócritas de sempre. Nenhuma novidade a ser acrescentada.
Tenho visto que a técnica primitiva de esperar que outros seres mentalmente evoluídos carreguem seus fardos e labores permanece arraigada nas terras mais profundas das mentes, tornando-se quase uma tradição. Escorar-se nas mentes mais bondosas para não haver necessidade de exercer esforço físico e (por mais absurdo que seja) mental é um fato corriqueiro do mundo. Mentes evoluídas são desprezadas quando rebelam-se. O tratar bem, quando se esgota, vira má vontade. Desprezam-se os intelectos. Desprezam-se os bons. Desprezam-se os que amam. E o desprezo vira libertação.
Nietzsche disse que quanto mais aprisionado o coração, mais livre o espírito. Entendendo-se que o coração é o instinto do corpo e os sentimentos da alma, e o espírito é toda a razão e intelecto e divindade humana, aí está a verdade: seres mentalmente oprimidos pela ignorância das massas libertam-se de formas incompreendidas. "Incompreendidas". Tal libertação é estupenda. Graciosa. Forte. Incoerentemente perfeita. É um parto, e desta liberdade nascem os poetas.
Letras inconformadas com a escravidão mental do mundo, descrevendo as dores próprias dos pesares que a vida social impõe. As dores que apenas os oprimidos têm ciência. Dores de enxergar além daquilo que está posto, além daquilo que existe, e estar impossibilitado de chegar à visão. Impossibilitados de estabelecer parâmetros para atingir aquilo que se almeja. Dores de amar quando não existe amor. Oprimir o corpo e a mente para sustentar ignorantes, e libertar o espírito de forma mais pura e verdadeira: poesia; seja em prosa, seja em verso. E desta forma foi convencionado que a poesia é a dor em palavras. A tristeza do autor é a maravilha de sua obra. Uma convenção complexa para uma verdade simples: evoluir em agonia para chegar à perfeição.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Constatação.


A constatação é que são um, mesmo que separados por um vento, presos por um querer, assustados por um tempo, juntos por uma dor. De fato, são um, ainda que esperando no desejo, sedentos de saudades, aflitos na distância. São um unidos pelas lágrimas. Lágrimas frias e quentes, doces e salgadas, únicas e, simplesmente, únicas. Lágrimas que correm da alma para os olhos, e juntas escoam pelos corações distantes. Lágrimas de alegria, de esperança e da dor da frustração. Lágrimas de um desejo quase incontrolável. Lágrimas de uma repressão ainda maior. Uma tortura impronunciável.
Choram. Desesperados. Mentindo uma satisfação para os olhos alheios. Mentindo com sorrisos e palavras doces as lágrimas amargas em que lavam seus rostos. Mentem a felicidade. Uma felicidade que ainda não lhes pertence. Mentem, inventando desculpas e motivos, tantas vezes torpes, para se apegarem. Inventando significados para suportarem o insuportável, mutilando seus próprios espíritos em prol de uma ilusão. Mas o fazem juntos. Separados pelos sete infernos e seus demônios. Separados pelos céus e mares, e por toda crosta continental do impossível, mas se mantém juntos para sustentarem, em dor e agonia, a utópica alegria.
E por quanto tempo mais assim será? Por quanto tempo mais haverá dor? Por quanto tempo mais sustentarão mentiras? O vento não cessará de soprar na direção contrária? O querer não há de permitir a possibilidade? O tempo se demorará por mais tempo? O desejo não se satisfará? A saudade não será esquecida? A distância jamais será extinta? Quando as lágrimas serão enxugadas? E a promessa? Quando há de se cumprir?
Tanto se pergunta. Tanto se chora. Tanto se sofre. Já nem se sabe mais certeza alguma. Só restam dúvidas. Dúvidas e uma única constatação: que são um. Que por serem um, jamais desistirão. Que por serem um, jamais se abandonarão. Nem que haja mais sofrimento. Nem a imposição do vento, tampouco a impossibilidade do tempo, ou a repressão da alma e a forma da ferida, a tortura do frio das noites, o sarcasmo da mente só, as circunstâncias do mundo, e todas as lágrimas derramadas, nem o tanto que a vida castigue, será suficientemente grande para desatar este laço, e ruir os alicerces desta constatação. Nunca deixarão de ser um, até que, de fato, sejam um. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Life

O universo estava quente e denso, mas então ele começou a expandir, a cerca de 14 bilhões de anos atrás. Então começou a esfriar, não tão simples assim, mas esfriou. Começaram a surgir partículas elementares: elétrons, pósitrons, fótons e neutrinos. Com o resfriamento gradual, tais partículas começaram a formar as chamadas ‘’ligações estáveis’’, dando origem aos átomos de hidrogênio e hélio. E depois de bilhões de anos, depois de pequenos (grandes) acontecimentos, a matéria foi evoluindo, os elementos químicos foram aparecendo, de após cerca de 3,5 bilhões, apareceram as primeiras células vivas, que com o tempo também foram sofrendo alterações, evoluindo, até darem origem ao primeiro ser vivo. E com o passar de milhões de anos surgiu à vida humana, como conhecemos e somos hoje.

Mas para que? Porque eu estou aqui agora digitando este texto? O que eu devo fazer? Devo satisfazer-me, já que sou fruto deste mundo? O que eu não devo fazer? Afinal, o que eu significo? Será que significo?

 ...

 E então, Deus após criar todo o universo em seis dias, descansou no sétimo. Criou o homem a sua semelhança, o fez cair em sono profundo, tirou uma das costelas, e dela criou a mulher, para ser sua companheira. Eles viviam no paraíso, mas pelo pecado, o homem teria de trabalhar para sustentar-se, e a mulher sofreria a dor do parto. E com o passar dos milhares de anos, e com a reprodução humana, cá está toda esta população, como conhecemos e somos hoje.

Mas para que? Porque eu estou aqui agora digitando este texto? O que eu devo fazer? Devo satisfazer-me, já que sou fruto de Deus? O que eu não devo fazer? Afinal, o que eu significo? Será que significo?

Mas afinal, de que importa? Já que estou aqui, com boas ondas cerebrais, batimentos cardíacos, sangue correndo pelas veias, com todos os sistemas em ordem (ou nem tanto assim), de que importa? Simplesmente não importa. A vida é dura, por mais que esteja boa, nunca estamos satisfeitos, então á achamos dura, e por ser dura se torna uma tremenda bosta, mas é a que tenho, é a que vou viver, sendo uma bosta ou uma maravilha, até que acabe.

 Postado por Thami

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Serei Ontem.


Hoje me esqueci que haverá amanhã. Hoje esqueci que havia futuro. Esqueci que vivia. Hoje simplesmente não existi. Não pensei. Não vi, tampouco ouvi. Hoje não fui. Não cheguei. O hoje não me pertenceu. Não sei ao certo o porquê, mas não me encontro no presente. Estou preso em algo que não é o agora. Estou desfalecendo certamente, mas não sinto. Não me sinto. Não sei quem sou, o que sou, ou por que sou. Estou estagnado num vácuo eterno, agrilhoado e morrendo num presente que não sinto ser meu.
Busquei em minha mente uma razão para o meu estado presente. Encontrei escuridão. Uma linha tênue entre a esquizofrenia e a completa insanidade. Não havia mais luz no meu raciocínio. Busquei lógica para explicar o sentido disto. Achei o vento. Totalmente sem rumo, soprando para todos os lados, tempestuando a coerência da minha vida e varrendo qualquer vestígio de ciência da minha mente. Procurei um motivo para ter existido hoje. Só achei um vazio. Um vazio que aumenta a cada hora de hoje. Um dreno que se alimenta de memórias e sentimentos e de toda minha essência. Um dreno que me drena de mim mesmo. Pensei que quando o amanhã chegasse tudo voltaria a ser como é de costume, mas me dei conta de que quando o amanhã chegasse, seria hoje. E hoje não existo.
Isso me é estranho. Sou estranho. Fiz-me estranho. Mas sou estranho só por hoje. Se hoje não existo, e amanhã não existirei, penso então que vivo ontem, pois ontem já não é mais hoje. É redundante, mas é aquilo que me convém. Sinto-me obsoleto por ser passado. Viver no passado. Ser o passado. Pergunto-me sobre ontem. O que fui ontem? Como existia ontem? Lembro-me de poucas coisas. Ontem eu viva. Ontem eu acontecia. Ontem eu era alguém. Ontem eu tinha razão. Ontem eu tinha lógica. Ontem eu tinha um motivo. Ontem eu tinha você.
A luz que ilumina a minha mente e me faz pensar. Faz-me enxergar o mundo e tudo aquilo que nele habita. A luz que faz de mim um ser vivente e racional. A direção que sigo destemido e provido de sabedoria. O caminho a ser trilhado de forma segura, coerente e lógica. Aquele tudo que preenche o meu vazio e inunda minhas veredas de sentimentos essenciais e que nada é capaz de conter, secar ou destruir. Meus alicerces. Minha vida. Meu passado concreto, meu presente incerto e meu futuro desejado. Vejo tudo isto preso ao passado, na memória distante, pois ontem foi minha e hoje não a tenho. Agora, preso no abismo da solidão que a distância entre nossos corpos criou, vejo, compreendo, e desejo, tê-la em meus braços novamente, pois em minha revelação, aprendi que me é necessário te ter para viver. Enquanto não for minha novamente, estarei aqui vegetando, estagnado no tempo. Preso às lembranças do passado, me afogando no desespero da distancia, morto para meu próprio existir, querendo ser tudo aquilo que fui ontem. 

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mas e agora? estarei mais livre?


''Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar.Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar

Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? Nesta minha nova covardia - a covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la -, na minha nova covardia, que é como acordar de manhã na casa de um estrangeiro, não sei se terei coragem de simplesmente ir. É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Até agora achar-me era já ter uma idéia de pessoa e nela me engastar: nessa pessoa organizada eu me encarnava, e nem mesmo sentia o grande esforço de construção que era viver. A idéia que eu fazia de pessoa vinha de minha terceira perna, daquela que me plantava no chão. Mas e agora? estarei mais livre?''

A paixão segundo G.H - Clarice Lispector

Postado por Thami

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O inverno é gelado


Ele abriu os olhos, naquela manhã de segunda feira de começo de inverno. O sono era tanto que pensou em desistir de tudo só para continuar ali, dormindo, em sua cama quente e confortável.
Mas infelizmente as coisas não são simples nem para simplesmente desistir de tudo.
Então ele sentou-se, e ficou ali, por alguns minutos esperando o tempo passar para então ficar de pé.
Colocou a roupa, escovou os dentes, entrou na internet e leu as noticias matutinas. Tomou o café da manhã, com pressa, como sempre, e foi para a batalha diária.
No caminho, começou a admitir para si mesmo o quanto os apegos tem poder sobre sua vida, sobre seu humor, sobre sua vontade de viver, e que alguns capítulos têm de ser terminados, mesmo sem o final esperado, para que assim, um novo capítulo possa ter um começo.
As memórias não podem ser apagadas, e seria uma covardia apaga-las se fosse possível, já que são elas que lhe dão a essência de seu ser. Desapegar não é tão simples quanto parece, mas ele colocou algumas regras para que isso se tornasse possível:

Regra número 1: Foda-se
Regra número 2: Foda-se também
Regra número 3: Fuck you


Postado por Thami

domingo, 13 de maio de 2012

Dedicado a você


 Às vezes quero dizer tanta coisa que acabo por ficar em silencio. O assunto foge, com todos, e não há como disfarçar. Não é mau humor, não é nada de errado, apenas uma dor no peito. Talvez "tristeza" defina um pouco, mas não por si só. Só queria ficar ali, abraçada, com você.
Parece que o tempo nunca é o suficiente, e que sempre estamos contra ele. Na hora da despedida é sempre a mesma dor, mas com um pouco de alegria por saber que vou vê-lo novamente. Isso estimula os próximos dias, para que os mesmos não se naufraguem tanto na saudade.


Dedicado a você, Milton A. Soares Jr.


Postado por Thami

domingo, 6 de maio de 2012

Nascidos para morrer


Seu despertador tocava às 6h da manhã, então ele acionava a soneca do celular até se atrasar. Vestia-se rapidamente enquanto sua mulher arrumava a criança. Então ele pegava a criança, deixava-a na escola e ia para o trabalho.

No trabalho os dias eram sempre iguais, quando tinha um problema muito grande para resolver, até que o mesmo passava mais rápido.

Passava pegar a criança na escola integral e voltava para casa. Nas sextas a noite tomava uma cerveja com o pessoal do trabalho e fazia sexo com a esposa. No sábado acordava um pouco mais tarde, inventava algo para matar o tempo e a noite fazia sexo com a esposa novamente. No domingo tinha sempre aquele almoço tradicional com direito a macarronada e frango assado, a tarde era entediante e a noite já trazia a lembrança da segunda feira que logo iria começar. Os dias eram sempre iguais, até os orgasmos eram sempre iguais.

Em alguns feriados prolongados desciam para a praia mais próxima, pegavam transito, e voltavam para casa com a pele ardendo. Às vezes rolava um churrasco em família ou o que a empresa proporcionava para os funcionários. 

Foi promovido, aposentou-se, morreu.


Postado por Thami

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sendo Assim Mesmo

Pedistes-me pouco, mas digo que é muito. Me pedistes um beijo, um abraço, e uma promessa. Pois nego teus pedidos e te darei novas coisas, pois estas há tempos já se passaram.
Ao teu beijo digo que nenhum beijo será forte como a última vez. Nenhum lábio se tocará como a última vez. Da última vez para agora já nem somos os mesmos. Somos seres novos, diferentes. Únicos. Será tudo novo. Nenhuma intensidade definirá o que somos e fazemos. Poderá ser mais suave sendo mais intenso, como poderá ser mais frio sendo quente. Poderá ser o que somos, e sendo o que somos saberás outro beijo.
Ao teu abraço digo que nenhum tempo será suficientemente grande para medir a intensidade dos nossos enlaces. Somos kairós, aquilo que não se conta. Chronos morreu para nossos abraços. A eternidade é uma questão de consideração e intensidade. Aquilo que se quer se eterniza na alma, e não se sabe se acabou, mesmo já findo. Sabendo então que a eternidade é definida pelo desejo do teu querer, te abraçarei, e só tu saberás o tempo que levará a eternidade nos braços que te envolvem.
Me pedistes para levar-te para mim. A isto te digo que não necessitará fugir para ter-me por perto. Não precisará correr para onde a terra acaba para ter-me só. Irei até ti, mas não a trarei comigo quando me fores, pois ainda não é chegada a hora. Um canto qualquer em teus braços já é refugio, e lembra-te disto: faz eterno este refugio.
Lembra-te também de que nenhum esforço será em vão. Nenhuma distância será longe o suficiente para nos afastar. Precipitem-se as estrelas, e rasgue-se o céu. Que o Sol enegreça e que a Lua sangre, que o amanhã nunca chegue, e que o dia de hoje não chegue ao fim. Que os dias durem anos e não haja mais noites para o descanso, e que a insônia seja tua companhia nas madrugadas. Mesmo assim, valerá a pena cada segundo. Não se importe que o inverno bate à porta. O inverno chega para todos, e além deste, muitos outros virão. Um verão longo é um inverno vezes mais longo. Vezes mais seco. Vezes mais frio. Guarde tuas lágrimas. Quantas puder. E agora, enquanto ainda é outono, lembre-se: para cada folha que cai, a primavera trás duas rosas. Minhas rosas.
Pediste-me que não a deixes nunca. É medo isto que sentes, não é? Pois repreenda teu medo, e firme-se nas minhas palavras quando digo que não estás sozinha nunca. Mesmo no silêncio, o vento sussurra minhas promessas. Estou onde queres que esteja. Falo o que seus ouvidos me pedem. Faço o que sua alma me ordena. Não me peças força. És rainha, tens força onde não imaginas, minha pequena boneca de pano. Caminhe até mim, assim mesmo como estás, sem mover-se. Mesmo sem sentir, aqui estou, ao teu alcance. Logo aí, guardado em teu peito, e cravado em tua mente. Toque-me com teu espírito. Sinta que estou contigo.
Sorria na amargura da minha ausência, pois sei que há esperança de um dia ver-te sorrir, pois só assim, seremos um, e como um viveremos pelo resto de nossos dias.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Se você pudesse mudar apenas uma atitude passada, qual seria?

Eu estava na 5° ou 6° série do ensino fundamental, tinha por volta de 10/11 anos de idade. Como na maioria das vezes, eu saia da escola, passava em casa almoçar, ia para a loja do meu pai, e ficava lá durante toda à tarde.

Em uma dessas tardes, eu estava na porta da loja olhando para a rua e vi que vinha um senhor subindo-a lentamente. Ele usava calça preta, uma blusa e um casado também preto. Aparentava ter em média 60 anos, tinha barba grande e bem branca.

Entrei de volta na loja e disse para minha irmã que estava mexendo no computador: ‘’Tem um velho todo de preto subindo a rua, acho que ele vai entrar aqui’’.

- ‘’E daí?’’

- ‘’Sei lá ’’

Minha irmã avisou-me que ia sair, mas que logo voltava, aproveitando que o movimento estava fraco.

Logo após da minha irmã sair, o velho todo de preto, de barba grande e branca entrou na loja. Ele começou a contar algumas moedas, bem lentamente. Eu fiquei ali, olhando para ele de trás do balcão. Depois de alguns minutos, ele juntou todas aquelas moedas, andou lentamente até o balcão, colocou-as lá em cima e me pediu, com uma voz bem baixinha e rouca, para eu trocar aquelas moedas para ele.

Eu disse que não podia, porque que não tinha para trocar. Então ele retirou as moedas do balcão, e caminhou lentamente até a porta, e agradeceu-me.

Assim que ele saiu, eu fiquei me perguntando o porquê eu não troquei o dinheiro para ele, e então me justifiquei de que era porque eu estava com medo, já que ele era meio estranho. Mas não, eu não estava com medo dele, muito pelo contrario, ele passava uma imensa passividade. Eu não entendi, e não entendo até hoje o porquê eu não troquei as moedas.

Naquela noite, eu não consegui dormir, e passei por diversos dias pensando naquilo, me sentindo mal com aquela atitude, e querendo encontra-lo na rua para pedir no mínimo desculpas e me justificar.

Então, se eu pudesse mudar apenas uma atitude passada, não seria ter evitado alguma briga, ou concertar algumas das coisas estúpidas que já fiz, mas sim ter trocado o dinheiro para aquele senhor.

Pode parecer um pensamento exagerado e moralista, mas isso é realmente uma das atitudes que tive que mais me incomoda.


Postado por Thami

segunda-feira, 16 de abril de 2012

00:00

Tempo: "É o jeito que a natureza deu para não deixar que tudo acontecesse de uma vez só." (John Wheeler)
"Uma ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão." (Albert Einstein).

Nós sempre procuramos preencher nosso tempo ao longo da vida.
Quem não sabe como usar o tempo, acaba por ficar entediado.
E cá estou eu, matando o tempo, que me mata a cada segundo.

Ultimamente tenho prestado bastante atenção em como as pessoas ocupam seus tempos, e percebi que a grande maioria quer que o tempo passe rápido.
Na segunda-feira, as pessoas já pedem pela sexta, contando a cada dia o quanto falta para a mesma chegar. (Vejo muito isso no facebook).Parece que a vida é feita de finais de semana.

Há uns tempos atrás, eu também pensava assim. Não via a hora que chegasse o final de semana, apenas para poder dormir até mais tarde. Não via a hora de chegar o final do ano, feriado do Carnaval, Páscoa, entre outros. Até parecia que os dias comuns eram uma tortura, e que dias de festas e viagens eram a salvação.

No último ano, peguei-me triste ao ver que a semana tinha passado tão rápido, por mais que a mesma tivesse sido ruim, e que então, a cada dia, meu passado ficava mais cheio, e o futuro cada vez mais incerto. Sentia-me como uma pessoa de 80 anos, que teme o tempo acabando. Peguei-me contemplando o por do sol por diversas vezes.

Este mesmo pensamento, de que o tempo está passando, de que a minha vida está passando, atualmente já não me faz entristecer como antes. Muito pelo contrario, faz com que eu me sinta bem para ter atitudes não muito racionais, mergulhar em lugares que não conheço a profundidade, e as vezes, me afogar, a ponto de clamar pela morte, para poder respirar, mas também, nesses mesmos lugares, ver o quanto pode ser lindo debaixo d'agua.

Que o tempo passa... Que a vida faça sentido!

Inspirado na música: Tempo Perdido - Legião Urbana


Postado por Thami

quarta-feira, 11 de abril de 2012

e fui para casa...

''- Meu, eu acho incrível seu alto-astral, mas também, você estuda na Unicamp, parece que sua família não tem problema. Parece que você não tem problemas... Queria ser assim.

- Rs, pois é!!!''

Ouvi isto essa semana, após fazer algumas pessoas rirem com algumas piadas idiotas.

Que eu me lembre, nunca engoli tão seco após responder a uma frase, e nunca senti uma dor de estômago tão instantânea misturada com uma vontade imensa de beber algo, ao ponto de querer ir pra casa na hora.

E foi o que fiz. Esquivei-me daquelas pessoas, inventando a elas algumas desculpas, e fui para casa...


Postado por Thami