Pedistes-me pouco, mas digo que é muito. Me pedistes um beijo, um abraço, e uma promessa. Pois nego teus pedidos e te darei novas coisas, pois estas há tempos já se passaram.
Ao teu beijo digo que nenhum beijo será forte como a última vez. Nenhum lábio se tocará como a última vez. Da última vez para agora já nem somos os mesmos. Somos seres novos, diferentes. Únicos. Será tudo novo. Nenhuma intensidade definirá o que somos e fazemos. Poderá ser mais suave sendo mais intenso, como poderá ser mais frio sendo quente. Poderá ser o que somos, e sendo o que somos saberás outro beijo.
Ao teu abraço digo que nenhum tempo será suficientemente grande para medir a intensidade dos nossos enlaces. Somos kairós, aquilo que não se conta. Chronos morreu para nossos abraços. A eternidade é uma questão de consideração e intensidade. Aquilo que se quer se eterniza na alma, e não se sabe se acabou, mesmo já findo. Sabendo então que a eternidade é definida pelo desejo do teu querer, te abraçarei, e só tu saberás o tempo que levará a eternidade nos braços que te envolvem.
Me pedistes para levar-te para mim. A isto te digo que não necessitará fugir para ter-me por perto. Não precisará correr para onde a terra acaba para ter-me só. Irei até ti, mas não a trarei comigo quando me fores, pois ainda não é chegada a hora. Um canto qualquer em teus braços já é refugio, e lembra-te disto: faz eterno este refugio.
Lembra-te também de que nenhum esforço será em vão. Nenhuma distância será longe o suficiente para nos afastar. Precipitem-se as estrelas, e rasgue-se o céu. Que o Sol enegreça e que a Lua sangre, que o amanhã nunca chegue, e que o dia de hoje não chegue ao fim. Que os dias durem anos e não haja mais noites para o descanso, e que a insônia seja tua companhia nas madrugadas. Mesmo assim, valerá a pena cada segundo. Não se importe que o inverno bate à porta. O inverno chega para todos, e além deste, muitos outros virão. Um verão longo é um inverno vezes mais longo. Vezes mais seco. Vezes mais frio. Guarde tuas lágrimas. Quantas puder. E agora, enquanto ainda é outono, lembre-se: para cada folha que cai, a primavera trás duas rosas. Minhas rosas.
Pediste-me que não a deixes nunca. É medo isto que sentes, não é? Pois repreenda teu medo, e firme-se nas minhas palavras quando digo que não estás sozinha nunca. Mesmo no silêncio, o vento sussurra minhas promessas. Estou onde queres que esteja. Falo o que seus ouvidos me pedem. Faço o que sua alma me ordena. Não me peças força. És rainha, tens força onde não imaginas, minha pequena boneca de pano. Caminhe até mim, assim mesmo como estás, sem mover-se. Mesmo sem sentir, aqui estou, ao teu alcance. Logo aí, guardado em teu peito, e cravado em tua mente. Toque-me com teu espírito. Sinta que estou contigo.
Sorria na amargura da minha ausência, pois sei que há esperança de um dia ver-te sorrir, pois só assim, seremos um, e como um viveremos pelo resto de nossos dias.
*o*
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