Tenho me cansado ultimamente do fardo de estar incluído na sociedade. Tenho me cansado de estar rodeado de pessoas tão comuns quanto seus assuntos. Estou cansado de permitir que a futilidade permeie meus ouvidos e meus olhos. Os seres humanos continuam sendo (por mais que os tenha ignorado por estes dias, por mais que eu tenha me apaixonado e focado meu corpo e minha alma nesta paixão) os mesmos animais mesquinhos, egoístas e hipócritas de sempre. Nenhuma novidade a ser acrescentada.
Tenho visto que a técnica primitiva de esperar que outros seres mentalmente evoluídos carreguem seus fardos e labores permanece arraigada nas terras mais profundas das mentes, tornando-se quase uma tradição. Escorar-se nas mentes mais bondosas para não haver necessidade de exercer esforço físico e (por mais absurdo que seja) mental é um fato corriqueiro do mundo. Mentes evoluídas são desprezadas quando rebelam-se. O tratar bem, quando se esgota, vira má vontade. Desprezam-se os intelectos. Desprezam-se os bons. Desprezam-se os que amam. E o desprezo vira libertação.
Nietzsche disse que quanto mais aprisionado o coração, mais livre o espírito. Entendendo-se que o coração é o instinto do corpo e os sentimentos da alma, e o espírito é toda a razão e intelecto e divindade humana, aí está a verdade: seres mentalmente oprimidos pela ignorância das massas libertam-se de formas incompreendidas. "Incompreendidas". Tal libertação é estupenda. Graciosa. Forte. Incoerentemente perfeita. É um parto, e desta liberdade nascem os poetas.
Letras inconformadas com a escravidão mental do mundo, descrevendo as dores próprias dos pesares que a vida social impõe. As dores que apenas os oprimidos têm ciência. Dores de enxergar além daquilo que está posto, além daquilo que existe, e estar impossibilitado de chegar à visão. Impossibilitados de estabelecer parâmetros para atingir aquilo que se almeja. Dores de amar quando não existe amor. Oprimir o corpo e a mente para sustentar ignorantes, e libertar o espírito de forma mais pura e verdadeira: poesia; seja em prosa, seja em verso. E desta forma foi convencionado que a poesia é a dor em palavras. A tristeza do autor é a maravilha de sua obra. Uma convenção complexa para uma verdade simples: evoluir em agonia para chegar à perfeição.
EU!
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