quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Guns


Sempre achei ridículo pessoas que só pensam em dinheiro, e fazem um curso e trabalham com o que não gostam só por causa do maldito dinheiro. Mas ultimamente tenho me visto querendo fazer o mesmo. Entrar de cara em algo que não gosto, mas que pelo menos me de um futuro financeiro garantido. Mas ai penso se isso realmente vale a pena, se é isso que quero para mim, e sinceramente, esta é uma questão que não sei responder. Não sei se prefiro trabalhar com algo intermediário, que eu nem ame e nem odeie, mas que me satisfaça um pouco, e ganhar o suficiente para viver, ou fazer algo que inicialmente eu não goste, mas que futuramente possa gostar, ou não, e ter um pouco mais de grana. Não sei a resposta, mas terei que decidir, logo. Mas confesso que isso não tem me preocupado tanto, mas sim me deixado um pouco confusa.
Queria ser mais egoísta, mais fria, mais egocêntrica. Queria ser menos emoção, e mais paciente, queria ser menos eu atualmente, e ser um pouco do eu passado.
Finalmente consegui tirar habilitação. Depois de vários meses de estresse e ansiedade, mas ontem quando fui busca-la, não senti aquela sensação de liberdade que eu achei que iria sentir.
Perdi meu cartão do banco, de débito, e não está sendo fácil resolver este problema, pois exige tempo e paciência que eu não tenho (tempo até que tenho), agora não consigo fazer mais nada na minha conta. Não consigo sacar o pouco de dinheiro que tenho, e só daqui a 15 dias que posso buscar meu novo cartão.
Às vezes ter muita liberdade de escolha não é legal. Às vezes queria alguém que colocasse limites e me impedisse de fazer algumas coisas, alguém que opinassem nas escolhas que eu deveria fazer, para não ficar com toda responsabilidade para mim, nem que eu fizesse tudo ao contrario.
Também queria ser menos apegada as coisas e as pessoas, assim seria possível conhecer novas pessoas e não ficar a espera daquelas que já fazem parte do meu ciclo, pois essas pessoas, ao contrario de mim, tem outros ciclos de amizades.
Tenho preguiça de conhecer gente nova, por mais interessantes que pareçam. Talvez por não serem tão interessantes assim, ou eu.
Tem dias que acordo sem sono as 5:30 da manhã, mas falto na primeira aula por pura preguiça de levantar da cama, e fico lá, convencendo a mim mesmo que ainda estou cansada e com sono, e por isso não devo ir para primeira aula. Às vezes o dia parece uma rosa: de manhã está linda e formosa, mas à tarde já está murcha. Ou de manhã está murcha e durante o dia vai se aflorando. Mas tem dias que são como flores de plástico, e permanece bela durante todas às 24h. Preciso de mais dias como flores de plástico.
Estou enrolando a mais de 6 meses para resolver o problema do meu maxilar e dos meus dentes, e mais de 10 para arrumar meu óculos que está torto, e agora sem uns parafusinhos. Acho que é pelo fato de eu não querer usar aparelho e não gostar de usar óculos. Mas tem coisas que eu resolvo tão rápido, tão instantâneo. Mas são poucas.
Tem um estoque de salgadinho e bolacha no meu guarda roupa, mas eu não sinto vontade de comer. Mas se não tiver, da vontade de comer até porta do guarda-roupa.
Por falar em guarda-roupa, não aguento mais minhas roupas. O guarda-roupa está lotado, as gavetas mal fecham e não tenho mais cabide sobrando, mas eu uso apenas 30% do que está dentro dele. Umas eu já usei tanto que já enjoei, outras eu nunca gostei muito, outras já estão velhas e fora de moda, e os outros 30% sãos as que eu uso repetidamente.
Perdi uma caneta bic azul de novo. Não sei o que acontece com minhas canetas azuis. As outras cores até que duram por mais tempo. 
Ultimamente a maioria das pessoas a minha volta tem sido como canetas bic azul. Perco-as, me fazem falta logo de instante, mas depois já se tem outra, o problema é sentir que está se perdendo uma caneta de ''tic-tac'' daquela que você tem desde o fundamental, ou aquela que ganhou de alguém especial, que você sempre vai lembrar. O bom é que ninguém morre por causa de uma caneta.
Tenho comido bastante. Como até sentir-me cheia. E depois fico sentindo aquela sensação ruim. E sempre faço isso, sempre. 


Thami

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Nascem os Poetas.


Tenho me cansado ultimamente do fardo de estar incluído na sociedade. Tenho me cansado de estar rodeado de pessoas tão comuns quanto seus assuntos. Estou cansado de permitir que a futilidade permeie meus ouvidos e meus olhos. Os seres humanos continuam sendo (por mais que os tenha ignorado por estes dias, por mais que eu tenha me apaixonado e focado meu corpo e minha alma nesta paixão) os mesmos animais mesquinhos, egoístas e hipócritas de sempre. Nenhuma novidade a ser acrescentada.
Tenho visto que a técnica primitiva de esperar que outros seres mentalmente evoluídos carreguem seus fardos e labores permanece arraigada nas terras mais profundas das mentes, tornando-se quase uma tradição. Escorar-se nas mentes mais bondosas para não haver necessidade de exercer esforço físico e (por mais absurdo que seja) mental é um fato corriqueiro do mundo. Mentes evoluídas são desprezadas quando rebelam-se. O tratar bem, quando se esgota, vira má vontade. Desprezam-se os intelectos. Desprezam-se os bons. Desprezam-se os que amam. E o desprezo vira libertação.
Nietzsche disse que quanto mais aprisionado o coração, mais livre o espírito. Entendendo-se que o coração é o instinto do corpo e os sentimentos da alma, e o espírito é toda a razão e intelecto e divindade humana, aí está a verdade: seres mentalmente oprimidos pela ignorância das massas libertam-se de formas incompreendidas. "Incompreendidas". Tal libertação é estupenda. Graciosa. Forte. Incoerentemente perfeita. É um parto, e desta liberdade nascem os poetas.
Letras inconformadas com a escravidão mental do mundo, descrevendo as dores próprias dos pesares que a vida social impõe. As dores que apenas os oprimidos têm ciência. Dores de enxergar além daquilo que está posto, além daquilo que existe, e estar impossibilitado de chegar à visão. Impossibilitados de estabelecer parâmetros para atingir aquilo que se almeja. Dores de amar quando não existe amor. Oprimir o corpo e a mente para sustentar ignorantes, e libertar o espírito de forma mais pura e verdadeira: poesia; seja em prosa, seja em verso. E desta forma foi convencionado que a poesia é a dor em palavras. A tristeza do autor é a maravilha de sua obra. Uma convenção complexa para uma verdade simples: evoluir em agonia para chegar à perfeição.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Constatação.


A constatação é que são um, mesmo que separados por um vento, presos por um querer, assustados por um tempo, juntos por uma dor. De fato, são um, ainda que esperando no desejo, sedentos de saudades, aflitos na distância. São um unidos pelas lágrimas. Lágrimas frias e quentes, doces e salgadas, únicas e, simplesmente, únicas. Lágrimas que correm da alma para os olhos, e juntas escoam pelos corações distantes. Lágrimas de alegria, de esperança e da dor da frustração. Lágrimas de um desejo quase incontrolável. Lágrimas de uma repressão ainda maior. Uma tortura impronunciável.
Choram. Desesperados. Mentindo uma satisfação para os olhos alheios. Mentindo com sorrisos e palavras doces as lágrimas amargas em que lavam seus rostos. Mentem a felicidade. Uma felicidade que ainda não lhes pertence. Mentem, inventando desculpas e motivos, tantas vezes torpes, para se apegarem. Inventando significados para suportarem o insuportável, mutilando seus próprios espíritos em prol de uma ilusão. Mas o fazem juntos. Separados pelos sete infernos e seus demônios. Separados pelos céus e mares, e por toda crosta continental do impossível, mas se mantém juntos para sustentarem, em dor e agonia, a utópica alegria.
E por quanto tempo mais assim será? Por quanto tempo mais haverá dor? Por quanto tempo mais sustentarão mentiras? O vento não cessará de soprar na direção contrária? O querer não há de permitir a possibilidade? O tempo se demorará por mais tempo? O desejo não se satisfará? A saudade não será esquecida? A distância jamais será extinta? Quando as lágrimas serão enxugadas? E a promessa? Quando há de se cumprir?
Tanto se pergunta. Tanto se chora. Tanto se sofre. Já nem se sabe mais certeza alguma. Só restam dúvidas. Dúvidas e uma única constatação: que são um. Que por serem um, jamais desistirão. Que por serem um, jamais se abandonarão. Nem que haja mais sofrimento. Nem a imposição do vento, tampouco a impossibilidade do tempo, ou a repressão da alma e a forma da ferida, a tortura do frio das noites, o sarcasmo da mente só, as circunstâncias do mundo, e todas as lágrimas derramadas, nem o tanto que a vida castigue, será suficientemente grande para desatar este laço, e ruir os alicerces desta constatação. Nunca deixarão de ser um, até que, de fato, sejam um. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Life

O universo estava quente e denso, mas então ele começou a expandir, a cerca de 14 bilhões de anos atrás. Então começou a esfriar, não tão simples assim, mas esfriou. Começaram a surgir partículas elementares: elétrons, pósitrons, fótons e neutrinos. Com o resfriamento gradual, tais partículas começaram a formar as chamadas ‘’ligações estáveis’’, dando origem aos átomos de hidrogênio e hélio. E depois de bilhões de anos, depois de pequenos (grandes) acontecimentos, a matéria foi evoluindo, os elementos químicos foram aparecendo, de após cerca de 3,5 bilhões, apareceram as primeiras células vivas, que com o tempo também foram sofrendo alterações, evoluindo, até darem origem ao primeiro ser vivo. E com o passar de milhões de anos surgiu à vida humana, como conhecemos e somos hoje.

Mas para que? Porque eu estou aqui agora digitando este texto? O que eu devo fazer? Devo satisfazer-me, já que sou fruto deste mundo? O que eu não devo fazer? Afinal, o que eu significo? Será que significo?

 ...

 E então, Deus após criar todo o universo em seis dias, descansou no sétimo. Criou o homem a sua semelhança, o fez cair em sono profundo, tirou uma das costelas, e dela criou a mulher, para ser sua companheira. Eles viviam no paraíso, mas pelo pecado, o homem teria de trabalhar para sustentar-se, e a mulher sofreria a dor do parto. E com o passar dos milhares de anos, e com a reprodução humana, cá está toda esta população, como conhecemos e somos hoje.

Mas para que? Porque eu estou aqui agora digitando este texto? O que eu devo fazer? Devo satisfazer-me, já que sou fruto de Deus? O que eu não devo fazer? Afinal, o que eu significo? Será que significo?

Mas afinal, de que importa? Já que estou aqui, com boas ondas cerebrais, batimentos cardíacos, sangue correndo pelas veias, com todos os sistemas em ordem (ou nem tanto assim), de que importa? Simplesmente não importa. A vida é dura, por mais que esteja boa, nunca estamos satisfeitos, então á achamos dura, e por ser dura se torna uma tremenda bosta, mas é a que tenho, é a que vou viver, sendo uma bosta ou uma maravilha, até que acabe.

 Postado por Thami

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Serei Ontem.


Hoje me esqueci que haverá amanhã. Hoje esqueci que havia futuro. Esqueci que vivia. Hoje simplesmente não existi. Não pensei. Não vi, tampouco ouvi. Hoje não fui. Não cheguei. O hoje não me pertenceu. Não sei ao certo o porquê, mas não me encontro no presente. Estou preso em algo que não é o agora. Estou desfalecendo certamente, mas não sinto. Não me sinto. Não sei quem sou, o que sou, ou por que sou. Estou estagnado num vácuo eterno, agrilhoado e morrendo num presente que não sinto ser meu.
Busquei em minha mente uma razão para o meu estado presente. Encontrei escuridão. Uma linha tênue entre a esquizofrenia e a completa insanidade. Não havia mais luz no meu raciocínio. Busquei lógica para explicar o sentido disto. Achei o vento. Totalmente sem rumo, soprando para todos os lados, tempestuando a coerência da minha vida e varrendo qualquer vestígio de ciência da minha mente. Procurei um motivo para ter existido hoje. Só achei um vazio. Um vazio que aumenta a cada hora de hoje. Um dreno que se alimenta de memórias e sentimentos e de toda minha essência. Um dreno que me drena de mim mesmo. Pensei que quando o amanhã chegasse tudo voltaria a ser como é de costume, mas me dei conta de que quando o amanhã chegasse, seria hoje. E hoje não existo.
Isso me é estranho. Sou estranho. Fiz-me estranho. Mas sou estranho só por hoje. Se hoje não existo, e amanhã não existirei, penso então que vivo ontem, pois ontem já não é mais hoje. É redundante, mas é aquilo que me convém. Sinto-me obsoleto por ser passado. Viver no passado. Ser o passado. Pergunto-me sobre ontem. O que fui ontem? Como existia ontem? Lembro-me de poucas coisas. Ontem eu viva. Ontem eu acontecia. Ontem eu era alguém. Ontem eu tinha razão. Ontem eu tinha lógica. Ontem eu tinha um motivo. Ontem eu tinha você.
A luz que ilumina a minha mente e me faz pensar. Faz-me enxergar o mundo e tudo aquilo que nele habita. A luz que faz de mim um ser vivente e racional. A direção que sigo destemido e provido de sabedoria. O caminho a ser trilhado de forma segura, coerente e lógica. Aquele tudo que preenche o meu vazio e inunda minhas veredas de sentimentos essenciais e que nada é capaz de conter, secar ou destruir. Meus alicerces. Minha vida. Meu passado concreto, meu presente incerto e meu futuro desejado. Vejo tudo isto preso ao passado, na memória distante, pois ontem foi minha e hoje não a tenho. Agora, preso no abismo da solidão que a distância entre nossos corpos criou, vejo, compreendo, e desejo, tê-la em meus braços novamente, pois em minha revelação, aprendi que me é necessário te ter para viver. Enquanto não for minha novamente, estarei aqui vegetando, estagnado no tempo. Preso às lembranças do passado, me afogando no desespero da distancia, morto para meu próprio existir, querendo ser tudo aquilo que fui ontem.