quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sendo Assim Mesmo

Pedistes-me pouco, mas digo que é muito. Me pedistes um beijo, um abraço, e uma promessa. Pois nego teus pedidos e te darei novas coisas, pois estas há tempos já se passaram.
Ao teu beijo digo que nenhum beijo será forte como a última vez. Nenhum lábio se tocará como a última vez. Da última vez para agora já nem somos os mesmos. Somos seres novos, diferentes. Únicos. Será tudo novo. Nenhuma intensidade definirá o que somos e fazemos. Poderá ser mais suave sendo mais intenso, como poderá ser mais frio sendo quente. Poderá ser o que somos, e sendo o que somos saberás outro beijo.
Ao teu abraço digo que nenhum tempo será suficientemente grande para medir a intensidade dos nossos enlaces. Somos kairós, aquilo que não se conta. Chronos morreu para nossos abraços. A eternidade é uma questão de consideração e intensidade. Aquilo que se quer se eterniza na alma, e não se sabe se acabou, mesmo já findo. Sabendo então que a eternidade é definida pelo desejo do teu querer, te abraçarei, e só tu saberás o tempo que levará a eternidade nos braços que te envolvem.
Me pedistes para levar-te para mim. A isto te digo que não necessitará fugir para ter-me por perto. Não precisará correr para onde a terra acaba para ter-me só. Irei até ti, mas não a trarei comigo quando me fores, pois ainda não é chegada a hora. Um canto qualquer em teus braços já é refugio, e lembra-te disto: faz eterno este refugio.
Lembra-te também de que nenhum esforço será em vão. Nenhuma distância será longe o suficiente para nos afastar. Precipitem-se as estrelas, e rasgue-se o céu. Que o Sol enegreça e que a Lua sangre, que o amanhã nunca chegue, e que o dia de hoje não chegue ao fim. Que os dias durem anos e não haja mais noites para o descanso, e que a insônia seja tua companhia nas madrugadas. Mesmo assim, valerá a pena cada segundo. Não se importe que o inverno bate à porta. O inverno chega para todos, e além deste, muitos outros virão. Um verão longo é um inverno vezes mais longo. Vezes mais seco. Vezes mais frio. Guarde tuas lágrimas. Quantas puder. E agora, enquanto ainda é outono, lembre-se: para cada folha que cai, a primavera trás duas rosas. Minhas rosas.
Pediste-me que não a deixes nunca. É medo isto que sentes, não é? Pois repreenda teu medo, e firme-se nas minhas palavras quando digo que não estás sozinha nunca. Mesmo no silêncio, o vento sussurra minhas promessas. Estou onde queres que esteja. Falo o que seus ouvidos me pedem. Faço o que sua alma me ordena. Não me peças força. És rainha, tens força onde não imaginas, minha pequena boneca de pano. Caminhe até mim, assim mesmo como estás, sem mover-se. Mesmo sem sentir, aqui estou, ao teu alcance. Logo aí, guardado em teu peito, e cravado em tua mente. Toque-me com teu espírito. Sinta que estou contigo.
Sorria na amargura da minha ausência, pois sei que há esperança de um dia ver-te sorrir, pois só assim, seremos um, e como um viveremos pelo resto de nossos dias.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Se você pudesse mudar apenas uma atitude passada, qual seria?

Eu estava na 5° ou 6° série do ensino fundamental, tinha por volta de 10/11 anos de idade. Como na maioria das vezes, eu saia da escola, passava em casa almoçar, ia para a loja do meu pai, e ficava lá durante toda à tarde.

Em uma dessas tardes, eu estava na porta da loja olhando para a rua e vi que vinha um senhor subindo-a lentamente. Ele usava calça preta, uma blusa e um casado também preto. Aparentava ter em média 60 anos, tinha barba grande e bem branca.

Entrei de volta na loja e disse para minha irmã que estava mexendo no computador: ‘’Tem um velho todo de preto subindo a rua, acho que ele vai entrar aqui’’.

- ‘’E daí?’’

- ‘’Sei lá ’’

Minha irmã avisou-me que ia sair, mas que logo voltava, aproveitando que o movimento estava fraco.

Logo após da minha irmã sair, o velho todo de preto, de barba grande e branca entrou na loja. Ele começou a contar algumas moedas, bem lentamente. Eu fiquei ali, olhando para ele de trás do balcão. Depois de alguns minutos, ele juntou todas aquelas moedas, andou lentamente até o balcão, colocou-as lá em cima e me pediu, com uma voz bem baixinha e rouca, para eu trocar aquelas moedas para ele.

Eu disse que não podia, porque que não tinha para trocar. Então ele retirou as moedas do balcão, e caminhou lentamente até a porta, e agradeceu-me.

Assim que ele saiu, eu fiquei me perguntando o porquê eu não troquei o dinheiro para ele, e então me justifiquei de que era porque eu estava com medo, já que ele era meio estranho. Mas não, eu não estava com medo dele, muito pelo contrario, ele passava uma imensa passividade. Eu não entendi, e não entendo até hoje o porquê eu não troquei as moedas.

Naquela noite, eu não consegui dormir, e passei por diversos dias pensando naquilo, me sentindo mal com aquela atitude, e querendo encontra-lo na rua para pedir no mínimo desculpas e me justificar.

Então, se eu pudesse mudar apenas uma atitude passada, não seria ter evitado alguma briga, ou concertar algumas das coisas estúpidas que já fiz, mas sim ter trocado o dinheiro para aquele senhor.

Pode parecer um pensamento exagerado e moralista, mas isso é realmente uma das atitudes que tive que mais me incomoda.


Postado por Thami

segunda-feira, 16 de abril de 2012

00:00

Tempo: "É o jeito que a natureza deu para não deixar que tudo acontecesse de uma vez só." (John Wheeler)
"Uma ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão." (Albert Einstein).

Nós sempre procuramos preencher nosso tempo ao longo da vida.
Quem não sabe como usar o tempo, acaba por ficar entediado.
E cá estou eu, matando o tempo, que me mata a cada segundo.

Ultimamente tenho prestado bastante atenção em como as pessoas ocupam seus tempos, e percebi que a grande maioria quer que o tempo passe rápido.
Na segunda-feira, as pessoas já pedem pela sexta, contando a cada dia o quanto falta para a mesma chegar. (Vejo muito isso no facebook).Parece que a vida é feita de finais de semana.

Há uns tempos atrás, eu também pensava assim. Não via a hora que chegasse o final de semana, apenas para poder dormir até mais tarde. Não via a hora de chegar o final do ano, feriado do Carnaval, Páscoa, entre outros. Até parecia que os dias comuns eram uma tortura, e que dias de festas e viagens eram a salvação.

No último ano, peguei-me triste ao ver que a semana tinha passado tão rápido, por mais que a mesma tivesse sido ruim, e que então, a cada dia, meu passado ficava mais cheio, e o futuro cada vez mais incerto. Sentia-me como uma pessoa de 80 anos, que teme o tempo acabando. Peguei-me contemplando o por do sol por diversas vezes.

Este mesmo pensamento, de que o tempo está passando, de que a minha vida está passando, atualmente já não me faz entristecer como antes. Muito pelo contrario, faz com que eu me sinta bem para ter atitudes não muito racionais, mergulhar em lugares que não conheço a profundidade, e as vezes, me afogar, a ponto de clamar pela morte, para poder respirar, mas também, nesses mesmos lugares, ver o quanto pode ser lindo debaixo d'agua.

Que o tempo passa... Que a vida faça sentido!

Inspirado na música: Tempo Perdido - Legião Urbana


Postado por Thami

quarta-feira, 11 de abril de 2012

e fui para casa...

''- Meu, eu acho incrível seu alto-astral, mas também, você estuda na Unicamp, parece que sua família não tem problema. Parece que você não tem problemas... Queria ser assim.

- Rs, pois é!!!''

Ouvi isto essa semana, após fazer algumas pessoas rirem com algumas piadas idiotas.

Que eu me lembre, nunca engoli tão seco após responder a uma frase, e nunca senti uma dor de estômago tão instantânea misturada com uma vontade imensa de beber algo, ao ponto de querer ir pra casa na hora.

E foi o que fiz. Esquivei-me daquelas pessoas, inventando a elas algumas desculpas, e fui para casa...


Postado por Thami

terça-feira, 3 de abril de 2012

Deixe-me Dormir.

É à noite que as coisas tomam suas formas reais. É muito depois do Sol se deitar e a face pálida da Lua estampar os céus. É quando o vento canta seus lamentos e as arvores choram suas preces. É à noite que a vida se expõe de verdade. É bem depois do ocaso, e muito antes da aurora, quando o negrume espesso do céu cai sobre o telhado.
É nessa hora que a realidade toma proporções apocalipticas. Quando anos se passam antes dos minutos, quando o relógio tem pressa em se demorar. Quando a mente percebe que a realidade é dura e cruel, e que o corpo sente a incapacidade de transformar aquilo que o cerca. É quando a razão se perde nas suas anotações e nenhum sentido é encontrado em nada, e a única saída rápida e fácil é abandonar antes que se consuma.
Nestes minutos eternos a sensação de medo é tamanha que se torna sólida. Transforma-se em ódio. Pavor. Rancor. Desespero. Até parece que a própria morte se senta ao seu lado e sussurra ao seu ouvido convites amargos como fel. Por vezes os olhos até contemplam a possibilidade de aceitá-los. Os pés até sentem-se atraídos a caminhar na direção do aguilhão. A voz, como sempre, nada diz. Mas o medo supera qualquer coisa. Uma desilusão.
Horas se passaram e nada fora resolvido. O sono é como água no deserto: escasso e, quando se acha, se vai rápido. A angústia ja é tão grande quanto os problemas. Pesa. Pesa medidas dolorosas. As palavras ja se foram há muito. Se foram junto com a esperança. Junto com as forças. Junto com o Sol. Resta apenas agfora o nada. O vazio e o escuro. Talvez haja algo. Talvez haja fé. Díficil dizer que é quando não se sente mais nada. Deprimente, mas é um fato.
Se houver, meus joelhos saberão. Mas por hora, estas últimas poucas que ainda me restam, pelo amor de Deus, deixe-me dormir.