terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Para Onde Foi?


E para onde foi toda a poesia? Aquela poesia simples, vislumbrada em um sorriso? Aquela poesia que a rua te dá ja se perdeu. A rua hoje não nos mostra mais sorriso algum. Não se vê mais graça em olhares enamorados. Não se vê mais pureza na brisa que toca o rosto. Não mais. A rosa vermelha que morre ao sol não é mais letra no papel. Não é mais a angústia do poeta. O retrato antigo de alguém que se foi não é mais saudade. A rua hoje é um conglomerado de pessoas presas em seu egoismo. A rua é asfalto. Concreto. A brisa agora apenas nos alivia do Sol. A brisa hoje não passa de vassoura nas ruas. A poesia se perdeu.
Na verdade, nós nos perdemos. Nós nos acomodamos. Nós guardamos a nossa poesia e preferimos não achá-la mais. Retiramos os versos da simplicidade e nos contentamos com a monotonia de um complexo monólogo. Nos exilamos em nosso id e reprimimos tudo aquilo que a razão tem como belo. Nos contentamos em saciar a nossa carne nos prazeres vis, sórdidos e nos alegramos em matérias desnecessárias. O mundo se afunda em ganância e egoísmo. Não mais o mundo gira naturalmente por sua própria força e nos conduz pela beleza de suas trilhas, mas agora, o mundo estagnado estanca suas feridas, enquanto nós nos conduzimos por caminhos estreitos e tortuosos em nossos universos paralelos.
Consagramos o belo ao crime. À miséria, fome, politicagem. Fazemos questão de mostrar uns aos outros nossos desejos desvairados e consumistas. Clamamos loucamente para que notem nossa superficialidade. Hoje, apenas há duvidas. E duvidas que não necessitam ser sanadas. Duvidas criadas por nós, para nós, afim de gerarmos em nós uma ideologia falsa e uma revolta utópica. Não nos importamos com nada disto que nos cerca, mas fingimos nos importar para que a sociedade hipócrita, que nos criou, permaneça na sua rotina natural, e tudo continue exatamente igual. Acomodamo-nos a ser iguais. A pensar igual. A olhar igual. A sentir igual.
Suplico a mim mesmo que, EU, independente da imposição, oposição ou sacrifício, encontre os meus conceitos e princípios novamente. Que eu encontre meus olhos e reestabeleça minha mente. Que eu volte a olhar as coisas e senti-las da minha forma. Que eu volte à simplicidade. Que eu volte a escrever sobre um sorriso num dia chuvoso, e sorrir ao lembrar dele.